Cantora Letrux apresentará show em formato voz e violão, encerrando o evento que promove diálogos e reflexões sobre as diferentes formas de manifestações culturais
Nos dias 23 e 24 de setembro, o Museu Vale, em seu momento extramuros, realiza a 8ª edição dos Encontros com a Arte Contemporânea, em Vitória. Com o tema “Corpo-território: atos criativos de resistência e reinvenção”, o evento convida os vários públicos a aprofundarem reflexões sobre o papel da arte e das humanidades na transformação social. Ao longo de dois dias, o Teatro Universitário da Ufes receberá mesas de conversas com artistas, pensadores e pesquisadores de diferentes áreas. As atividades são gratuitas, abertas ao público e de classificação livre. A oitava edição dos Encontros faz parte da programação nacional da Primavera dos Museus, evento anual promovido pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que este ano terá o tema “Museus e Mudanças Climáticas”.
Segundo a diretora do Museu Vale, Claudia Afonso, os Encontros com a Arte Contemporânea reforçam o compromisso da instituição em aproximar a sociedade das discussões urgentes e essenciais, por meio da arte e do diálogo.
“O evento, realizado desde 2017, promove diálogos e cruzamentos entre diferentes disciplinas, sempre em sintonia com a arte e a cultura na sociedade brasileira contemporânea. Nosso desejo é que o público viva uma experiência para além das nossas exposições, que só neste ano de 2025 foram quatro. Os Encontros são um espaço de trocas, um convite a refletirmos juntos sobre as transformações sociais e, neste recorte, também ambientais, que nos atravessam. Mas, sobretudo, representam a chance de imaginar futuros possíveis, em que a arte se afirma como força criativa e coletiva”, explica.
No dia 23 de setembro, a programação começa às 14h com a mesa “CRIA”, que reúne a multiartista Olinda Tupinambá e o cineasta e fotógrafo indígena Kamikia Kisedje. A mesa propõe discutir a potência do corpo como território político e criativo, trazendo perspectivas ligadas à ancestralidade e a produção audiovisual. A mediação será da artista visual e pesquisadora Raquel Garbelotti, professora da Ufes e referência em trabalhos que cruzam arte, ecologia e práticas comunitárias.
No mesmo dia, às 17h, acontece a mesa de conversa “GIRA”, com a historiadora Ynaê Lopes dos Santos e o filósofo Renato Noguera, que conduzem suas falas, dentro do tema mudanças climáticas, atravessadas por questões epistemológicas afro-brasileiras. A mediação fica por conta da curadora e pesquisadora Isabella Baltazar, idealizadora do projeto Letra Preta, dedicado à educação e inclusão por meio da arte e da literatura.
A programação segue no dia 24 de setembro, às 17h, com a mesa “LEVANTE”. Nela, Sarita Themônia, persona vivida pela artista trans Gabriela Luz, se une a Berna Reale, um dos grandes nomes da performance no Brasil, em uma conversa potente sobre a arte como ato de resistência. A mediação será conduzida pela gestora cultural e escritora Gabriela Sobral, que atua em políticas culturais e preservação do patrimônio na Amazônia.
Para encerrar a 8ª edição dos Encontros com a Arte Contemporânea, o público poderá assistir, a partir de 20h, ao show em formato voz e violão da cantora Letrux, que traz ao palco do Teatro Universitário um espetáculo que conecta música, poesia e performance, dialogando diretamente com a proposta do evento de provocar reflexão, reinvenção e sensibilidade diante das urgências contemporâneas.
Para aqueles que desejarem a emissão de certificado de participação, é necessário realizar a inscrição nos links específicos de cada mesa. Confira os detalhes no final do texto. Durante a programação, também será realizada uma feira de arte indígena, com representantes dos povos originários, na terça-feira, das 14h às 18h, e na quarta-feira, das 16h às 19h.
A 8ª edição dos Encontros com a Arte Contemporânea é uma iniciativa do Museu Vale e do Instituto Cultural Vale, com patrocínio da Vale e realização do Ministério da Cultura, via Lei de Incentivo à Cultura.
Confira a programação completa e links de inscrição para emissão de certificado.
Terça-feira (23/09)
- Mesa 1 _ CRIA – Olinda Tupinambá e Kamikia Kisedje (Mediação: Raquel Garbelotti )
Horário: de 14h às 16h Link de inscrição: https://forms.gle/weSQ8JvBRGevgnWt9 - Feira de arte indígena
Horário: 14h às 18h - Mesa 2 _ GIRA – Ynaê Lopes e Renato Noguera (Mediação: Isabella Baltazar)
Horário: de 17h às 19h Link de inscrição: https://forms.gle/4dc4NSXPmb24zpwn6
Quarta-feira (24/)
- Mesa 3 _ LEVANTE – Sarita Themonia e Berna Reale (Mediação: Gabriela Sobral)
Horário: de 17h às 19h Link de inscrição: https://forms.gle/Gd8qpE8o7x7pbsgJ9 - Feira de arte indígena
Horário: 16h às 19h. - Show Letrux – Voz e Violão
Horário: 20h
Sobre os participantes
- Olinda Tupinambá: Multiartista formada em comunicação social, atuando como produtora cultural, performer e realizadora audiovisual. Sua pesquisa se destaca pelo uso do corpo como corpo político, capaz de se transmutar para revelar outros mundos possíveis, dar visibilidade às questões ambientais e tensionar a relação entre humanidade e natureza, tema recorrente em suas obras.
- Kamikia Kisedje: Formado pelo Vídeo nas Aldeias, é cineasta e fotógrafo. Seu trabalho apoia as lutas dos povos originários e fortalece identidades e territórios. Acompanha o movimento indígena, manifestações políticas e temas ligados às mudanças climáticas, tornando-se referência para cineastas em formação e liderança para seu povo. Já circulou em diversas regiões do mundo e hoje integra a equipe de comunicação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), como fotógrafo e cineasta.
- Raquel Garbelotti: Artista visual, pesquisadora e professora do Departamento de Artes Visuais da Ufes (DAV/UFES). Doutora em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA/USP) e PhD pelo Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da USP (CTR/USP). Coordena o projeto de Pesquisa e Extensão ESFERA (UFES/Proex/CNPq), integra o Grupo de Pesquisa PLACE (DAV/UFES/CNPq) e participa do projeto Pontes Femininas entre Arte e Arquitetura (UFF/RAE/CNPq). É membro do corpo docente e do colegiado do Prolind – Educação Intercultural Indígena (CCHN/UFES). Sua produção artística e de pesquisa articulam arte site-specific, cinema de exposição, escultura e instalação, com ênfase em ecologia, paisagem, esfera comunitária e práticas de campo desenvolvidas junto a comunidades.
- Ynaê Lopes dos Santos: Professora de História da América (UFF), é bacharel, mestre e doutora pela Universidade de São Paulo (USP). Suas pesquisas abordam a escravidão nas Américas, as relações étnico-raciais, o ensino de História da África e a questão negra no Brasil, com livros publicados nessas áreas. Colunista da DW Brasil, atua como consultora do Projeto Querino e curadora de exposições, entre elas a permanente do Cais do Valongo e Pequenas Áfricas: O Rio que o samba criou (IMS).
- Renato Noguera: Doutor em Filosofia (UFRJ), é professor do Departamento de Educação e Sociedade (UFRRJ), atuando também nos programas de Pós-Graduação em Filosofia e em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares. Pesquisador do Laboratório de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Leafro), coordena o grupo Afroperspectivas, Saberes e Infâncias (Afrosin). Escritor, entre seus livros estão Ensino de Filosofia e a Lei 10.639, Porque amamos e O que é o luto.
- Isabella Baltazar: Curadora, produtora cultural e professora doutora em Literatura. Possui pesquisas na área do Jornalismo Literário e atualmente estuda a teoria pós-colonial na crítica literária, com ênfase nos estudos subalternos e de gênero. É idealizadora do Letra Preta – Escrita e Imaginações, uma organização pautada na diversidade e na inclusão, que atua em favor da redução das desigualdades por meio da educação, da arte e da comunicação.
- Sarita Themônia: Performance vivida pela artista trans Gabriela Luz, originária de Belém do Pará, professora e pesquisadora. Mestra em Arte, Educação e Mediação Cultural (UNESP), atua como artista visual no reaproveitamento material e imaterial do mundo. É membro fundadora da Associação Cultural de THEMôNIAS da Amazônia – ASCULTA, co-articuladora do movimento THEMôNIAS, colaboradora da Negritar Filmes e Produções e educadora de Direção de Arte no Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias.
- Berna Reale: Nascida em Belém, onde vive e trabalha, Berna Reale é um dos grandes nomes da performance art no Brasil. Iniciou sua trajetória no fim dos anos 1990 e destacou-se com Cerne (25ª Salão de Arte do Pará, 2006), que a levou à formação em criminologia e atuação como perita forense. Sua obra aborda a violência engendrada pelo poder, explorando o corpo como elemento estético e símbolo coletivo. Entre fascínio e repulsa, sua produção provoca tensão e ironia diante da violência.
- Gabriela Sobral: Gestora cultural amazônida, escritora e jornalista. Mestre em Preservação do Patrimônio Cultural, coordena a Casa da Cultura de Canaã dos Carajás, que integra o Instituto Cultural Vale. Pesquisa políticas culturais e educação patrimonial. Publicou os livros Caranguejo (2017) e Modos de Construção Sobre Tapumes (2025). Foi premiada pela Fundação Cultural do Pará e pelo Instituto Itaú Cultural – Arte como Respiro – Literatura (2020).