Em fevereiro, animais silvestres foram avistados em áreas urbanas e praias de Aracruz. No primeiro dia do mês, por exemplo, um bicho-preguiça foi registrado em plena Praia da Biologia, em Santa Cruz. Dias depois um lobo-guará foi avistado correndo por uma estrada e até uma cobra jararacuçu foi flagrada em um clube de Linhares, cidade vizinha de Aracruz. Em momentos assim podemos notar a importância do Centro de Reintrodução de Animais Selvagens (Cereias), localizado no município aracruzense.
Fundado em 1993 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em parceria com a Suzano, quando ainda se chamava Aracruz Celulose, o Cereias atua há mais de três décadas no acolhimento, tratamento e reintrodução de animais silvestres ao seu habitat natural. Desde a sua criação, o centro já cuidou de mais de 120 mil animais, entre aves, mamíferos e répteis e recebe rotineiramente espécies de todo o estado do Espírito Santo. Cerca de 80% dos bichos foram devolvidos ao seu habitat natural, já os outros 20% ficaram abrigados recebendo cuidados ou foram encaminhados a zoológicos devido à gravidade das lesões, o que impossibilitava a soltura na natureza.
Para José da Penha Rodrigues, presidente e responsável técnico do Cereias, o número de animais silvestres encontrados neste início de fevereiro se deve principalmente às altas temperaturas que o estado inteiro está vivenciando.
“Com essa quentura imensa é natural que os animais fiquem inquietos e procurem locais mais frescos. Às vezes falta o alimento também e eles precisam se deslocar de uma área para outra e acabam aparecendo em praias ou próximos a residências, aí são recolhidos e trazidos até nós. Chegando aqui, a gente avalia. Se for um animal que não apresenta ferimento nenhum, se estiver saudável, se não passou por cativeiro, a gente solta imediatamente. E tem bicho que está bem fisicamente, mas fica o dia inteiro conosco para descansar do estresse da viagem”, explica.
O Cereias, que tem apoio da Suzano, Evonik, Estel, Imetame e da Fortes Engenharia, ao contrário do que muitos pensam, não realiza o recolhimento de animais em ambientes externos. O trabalho do centro especializado é do portão para dentro, promovendo a reabilitação e a soltura na natureza.
“Os órgãos ambientais, como a Secretaria de Meio Ambiente, a Polícia Ambiental, o Ibama é quem recolhe os animais e trazem para nós. Em caso de animal ferido, a gente cuida com muito carinho pelo tempo que for necessário, mas o objetivo principal é soltá-lo em seu habitat”, explica José da Penha.
Quanto ao número de animais recebidos em 2025, José da Penha garante que não houve um aumento e o fluxo está de acordo com a normalidade do centro, com 200 bichos durante o mês de janeiro (160 aves, 26 répteis e 14 mamíferos) e outros 46 em fevereiro (40 aves, 4 répteis e 2 mamíferos).
“Não houve aumento na chegada de bichos ao Cereias neste mês. Em relação aos animais avistados, o lobo-guará não chegou ao centro. A jararaca, por sua vez, é comum na região devido à extensa área verde, com muitas árvores e matas. E a preguiça não chega a ser tão incomum também, pois ela se desloca atrás de alimento e de um lugar mais fresco para descansar, como a praia. Às vezes aparece até em uma estrada, mas costumam chegar muito bem de saúde e fazemos a soltura de imediato”, esclarece José da Penha.
Com o apoio ao projeto Cereias há 31 anos, a Suzano demonstra seu forte compromisso com a preservação ambiental. Diomar Biasutti, Coordenador de Excelência Ambiental da empresa, ressalta:
“O Cereias exerce um trabalho fundamental para a conservação da biodiversidade e a recuperação de animais que sofrem algum tipo de ferimento ou maus-tratos. A Suzano se orgulha de ser uma das fundadoras do centro de reintrodução e de contribuir para o bem-estar da vida animal e o equilíbrio do ecossistema”.
Sobre o Cereias
O Cereias fica localizado em uma área de 11,5 hectares, em Barra do Riacho, Aracruz, cedida em comodato pela Suzano, que também é uma das suas mantenedoras. Foi fundado em 1993, com a finalidade de reintroduzir em seu hábitat os animais apreendidos pelos órgãos de fiscalização ou entregues por particulares, e qualificado pelo Ministério da Justiça como OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, uma entidade privada sem fins lucrativos, que sobrevive a partir de doações e subvenções. Além da Suzano, contribuem com a manutenção do Cereias a Evonik, Imetame, Fortes Engenharia e Estel. A instituição também recebe doações da Frutas Solo, Interfruit, Caliman Agrícola e ICMBio. Até 2024, o CEREIAS já resgatou mais de 120 mil animais, entre eles aves, mamíferos e répteis.
O Cereias conta com a parceria de diversos órgãos ambientais, entre eles: IEMA – Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, do IBAMA-MMA e da Polícia Militar Ambiental.